Eu sei que é meio estranho começar um projeto novo dizendo isso. E eu sei que é mais estranho ainda começar um projeto novo sentindo isso. Mas acho que se vou aparecer por aqui semana sim, semana não, o mínimo que eu precisava fazer para começar era ser sincero contigo.
Então pega um café e senta aí, que lá vem história.
Tudo começou por causa de um planner.
Isso mesmo. Aquela agendinha que todas as empresas do mundo costumavam dar de brinde para os funcionários para listar compromissos e que, de repente, virou uma coisa super cool com capas personalizadas e folhas coloridas e adesivos e mais uma dezena de funcionalidades que a gente sabe antes mesmo de comprar que não vamos usar.
Mas eu precisava de um desses para ajeitar minha rotina porque não estava dando conta de tudo sem me organizar. Então eu comprei.
E ele é lindo. Com folhas pautadas e quadriculadas e pontilhadas e com planilhas de organização financeira e tabelas de objetivos para o ano e tem até mesmo uma roda da vida que não entendi como funciona mas que é uma gracinha. E é claro que para usar o meu planner todo cheio de frescuras… eu precisava de canetas coloridas. Lá fui eu atrás de um kit de vinte e quatro cores de canetinhas de ponta fina para poder escrever no meu planner novinho em folha todas as minhas metas para um ano novinho em folha.
Já era o quinto dia de janeiro. Mas estava tudo bem, porque me imaginei com meu planner e minhas canetinhas sentado em uma cafeteria superfaturada planejando meu 2025 como a protagonista bem sucedida de uma comédia romântica dos anos 2000.
Então, percebi outro problema: para levar todas as minhas vinte e quatro canetinhas coloridas — que eu obviamente não usaria —, eu precisava de um estojo. Eu consigo, disse para mim mesmo. E quando vi, tinham se passado mais três dias nos quais eu repeti de novo e de novo o mesmo maldito ponto baixo em um estojo de crochê feito à mão. Mas ainda estava tudo bem, porque ele ficou lindo e eu finalmente poderia começar a organizar o meu ano.
Àquela altura, já era oito de janeiro e podemos perceber aqui que eu tenho uma certa tendência a perder o foco principal.
Mas até aí, tudo bem!!!
(OMG TÍTULO MENTIONED)
Era uma tarde quente de quinta-feira quando finalmente me sentei em uma cafeteria com meu planner, minhas canetinhas e meu estojo de crochê.
Coloquei no papel todas as coisas que eu precisava fazer: escrever um livro de seiscentas páginas, os materiais de todos os clientes que tenho como social media, os livros que tenho para diagramar, as aulas de tecido acrobático que ia começar a ter com minha sogra aqui no circo (isso é assunto para outro e-mail), gravar vídeos para divulgar meus livros na internet e mais uma penca de necessidades básicas como dormir pelo menos sete horas e fazer ao menos quatro refeições e conseguir ler um livro e fazer crochê e assistir um filme e ainda dedicar tempo de qualidade ao meu relacionamento e... Bom, foi aí que eu percebi que um dia não tem tantas horas assim. E que o fato de eu estar me sentindo sobrecarregado não tinha nada a ver com falta de organização ou de rotina ou de um planner. Que nem mesmo ele e as minhas canetinhas coloridas e o meu estojo de crochê seriam capazes de me salvar.
Eu precisava dar um jeito nisso. E foi o que fiz.
Promessa de ano novo
Eu preciso de três dias com rotinas completamente diferentes para conseguir fazer todas as coisas que preciso semanalmente. E para evitar a sobrecarga, distribui ao longo deles momentos de lazer que prometi respeitar rigorosamente.
Seria minha grande resolução de ano novo — e não importava que já fosse dia nove. Dedicar um tempinho para mim mesmo era algo que eu sabia que precisava para não surtar de vez. Queria ler x páginas de algum livro qualquer por semana. Fazer meu crochezinho pelo menos duas vezes. Assistir um filme. Deitar de preguiça com minha noiva na santa paz do senhor. Sair para passear.
E escrever por diversão. Não para um livro, não para um conto, não para qualquer coisa relacionada a trabalho. Simplesmente escolher um tema aleatório e escrever sobre ele sem a necessidade de que ficasse bom.
Foi assim que eu vim parar aqui. E você também.
Agora estamos unidos um ao outro pelo poder de uma promessa de ano novo (e eu sou metódico demais para não dar check nesse item da minha lista no final de dezembro). Eu levo minhas promessas a sério e essa newsletter sou eu fazendo disso um problema teu, também.
A partir de agora, a cada duas semanas (ou menos, se as vozes da minha cabeça pensarem em mais algo para dizer), estarei aqui contando algo extremamente aleatório sobre a minha vida ou sobre o livro que estou lendo ou sobre a música que se transformou na minha obsessão nos últimos dias.
E ainda que isso seja uma forma de criar conteúdo, não estou preocupado em produzir. Não quero que esse espaço se transforme em uma extensão do meu trabalho e nem em uma obrigação que tire a minha paz. Se eu precisar sumir, eu vou. Se eu tiver coisas demais para contar, eu também vou.
Dito isso, seja bem-vindo. Espero que o que eu tenho a dizer valha o seu tempo (e se não valer, estou te ajudando a não ser útil o tempo todo, também).
Apenas a título de curiosidade:
O tutorial que usei para fazer meu estojo de crochê foi esse aqui: Estojo em crochê (mas se, assim como eu, você comprou um kit de vinte e quatro cores, vai precisar acrescentar nove carreiras no compartimento das canetas e seis na parte que fecha rs)
Procurei no Google sobre a roda da vida e o que ele me disse foi: “A principal função da Roda da Vida é ajudar a identificar quais áreas precisam de mais atenção e desenvolvimento, facilitando a criação de metas e ações para melhorar o equilíbrio e a satisfação geral.”. Continuo sem entender, mas fica aí a informação.
Um terço das canetinhas são de um tom que quase não aparece no papel.
A escrita do meu livro está atrasada.
Por hoje, é só! Te vejo em breve nesse mesmo canal e com um assunto ainda mais aleatório.
Com carinho,
I.K.